Poderão as máquinas ter emoções?

Chegamos agora a uma questão que penso ter mais importância do que aquela que lhe pode ser conferida à primeira vista. A questão das emoções. Alguma vez estaremos em presença de uma máquina que demonstre profundidade emocional? Nesse caso, devemos temer magoar os seus sentimentos e sofrer as represálias?


Esta é uma temática que está presente de cada vez que vemos, num filme, os robôs escravizados revoltarem-se contra a raça humana, ameaçando destruí-la ou em Inteligência Artificial de Steven Spielberg. Este último conta a história do primeiro rapaz-robô com capacidade para amar, ele é adotado por uma família, tornando-se bastante apegado à mãe e tenta fazer tudo para lhe agradar. No entanto, tem alguns desentendimentos com o filho biológico da família, pelo que, temendo pela segurança da criança, a mulher tem que abandonar o rapaz-protótipo. A partir daí, este inicia uma jornada com o desejo de se tornar um rapazinho de verdade para poder conquistar o amor da sua mãe.


Falemos de emoções. A visão actual neste campo é que elas foram seleccionadas por mecanismos de selecção natural porque nos são úteis no nosso desenvolvimento. As emoções são boas para nós, permitem-nos relacionar em sociedade, evitar perigos e até mesmo tomar decisões. Nesta medida, se esperamos verdadeira inteligência de um robô, decerto as emoções podem ser-lhe necessárias. De que outra forma estará o sistema habilitado a tomar simples decisões cujas consequências não sejam muito diferentes? Isto é algo que os humanos fazem devido à sua preferência e a ausência de emoções poderia deixar as máquinas paralisadas pela indecisão.

Apesar de ainda se desconhecerem soluções práticas para implementar emoções numa máquina, esse é um aspecto que deve ser tido em linha de conta.

Imaginemos que são ultrapassados todos os problemas lógicos que se opõem à inteligência artificial e que ela é, de fato, possível. Imaginemos ainda que são resolvidas todas as questões técnicas limitativas e que as máquinas começam a revelar inteligência, intenção e emoções.

Teremos motivos para nos preocupar que elas se possam tornar violentas como acontece nos filmes? Terão elas inveja da nossa condição humana ou desejarão assumir o comando deste planeta? Bem, nenhum argumento em contrário parece emergir, pelo que estas preocupações não são totalmente infundadas e devem ser equacionadas pelos engenheiros que se aproximarem da inteligência artificial (se isso alguma vez acontecer) uma vez que conhecendo as capacidades extraordinárias das máquinas, estaríamos decerto “em maus lençóis”.

Neste tipo de raciocínio parece-me existir um erro que é comum quando os seres humanos tentam fazer conjecturas sobre as ações de outros seres. Há sempre uma antropomorfização. Que motivos temos nós para acreditar que, a ter emoções, os robôs iriam sentir revolta, inveja ou até mesmo amor que são sentimentos tão marcadamente nossos?

As nossas emoções têm a ver com a nossa natureza, maneira de interagir com o mundo e com aquilo que nos torna mais aptos. Ora, estas circunstâncias não poderiam ser mais diferentes das de uma máquina. Apesar de ser uma possibilidade que os seus sentimentos fossem semelhantes, parece razoável aceitar que, muito provavelmente não o seriam. Quer eles surgissem naturalmente de algum sistema complexo o suficiente, quer fossem programados por regras rígidas (sendo que neste último caso ficaria ao critério do programador deixar, convenientemente, de fora alguns sentimentos especialmente negativos).

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